check-in
música para hoje:
Chego para essa edição reflexiva após um período de movimentos diferentes em minha vida profissional. Isso já aconteceu por aí? Voltei para a área hospitalar e não imaginei que faria tanto sentido. Comecei aos poucos (já que tive um burnout), e aos poucos fui aumentando a carga horária. Eu não tinha consciência da saudade que eu estava do ambiente hospitalar. Éeee meus amigos, o mundo dá voltas, né? rs
Com essa rotina mais híbrida (tendo meu consultório e sendo uma Fonoaudióloga on-line + trabalhando presencial como Fonoaudióloga Hospitalar num hospital de grande porte em São Paulo), como continuar na área hospitalar e conseguir fazer o que mais amo que é viajar? Pois aos poucos tô conseguindo achar um jeito. O modelo dos plantões facilita e me dá uma flexibilidade. Fui para cidade maravilhosa sem planos, passar um tempinho e voltei com as energias recarregadas. A viagem tem um lugar de autoconexão enorme para mim.
A viagem foi se desenhando sozinha, fiquei uns dias na casa de uma amiga que mora numa comunidade em São Gonçalo-RJ, uma baita experiência para quebrar preconceitos. Eu me senti mais segura lá do que em São Paulo, pasmem, nada como experienciar. Essa foi minha 5ª ida ao Rio (eu acho), e vivi coisas importantíssimas para o meu momento. Considero que a melhor experiência como viajante, é vivendo como local, e experienciar isso no Rio dessa vez, foi maravilhoso.
A vida é sobre m o v i m e n t o.
o que tá se movimentando por aí?
Olho para as edições da colmeia e lembro o que já fomos. Já fomos comunidade de profissionais de saúde, já falamos sobre como criar algo digital, como ser um profissional de saúde que trabalha on-line, e hoje a colmeia é uma newsletter, idealizada pela iisabelha, que também é muitas coisas. Misturar viagens, autoconhecimento, saúde, gestão, inovação e Fonoaudiologia é o movimento atual. E a vida é isso, né? Que chato seria viver o mesmo e ser a mesma para sempre. O que eu aprenderia se eu não passasse por essas mudanças?
Tenho tentado “só observar” esse movimento novo da minha vida, onde trabalhar 100% on-line de repente perdeu o sentido e precisei de algo presencial para me sentir mais viva. E então, esse trabalho presencial no hospital tem feito muito sentido. Talvez daqui a 1 ano não faça, não sei, só sei que quero aprender, estar aberta ao movimento.
Era abril de 2022, eu havia acabado de chegar no deserto mais seco do mundo no Chile. Sim, Deserto do Atacama. O avião pousou no Aeroporto de Calama (uma cidade ao lado de San Pedro do Atacama), e pela janela vejo uma paisagem nunca vista antes em minha vida. Um aeroporto literalmente no meio do nada. Eu havia despachado meu mochilão, nele tinha todas minhas melhores roupas para verão e inverno - clima de deserto são sempre os dois extremos, além de coisas normais que levamos em uma viagem.
As primeiras sensações ao sair do avião e ir para a esteira de bagagens: estranhamento e desespero. Olho para a minha mão e vejo ela ressecada como nunca vi antes. Parecia que minha mão tinha 60 anos. Olho para a esteira de bagagens, sobravam só duas - nenhuma delas era a minha bagagem. Respirei. Olhei para todos os lados, o segurança confirmou que eram só aquelas que restavam.
Desespero total. Como viver num deserto aonde eu ia ficar pelo menos 1 mês, só com a roupa do meu corpo? Pois é meus amigos. Fiz toda a parte burocrática que precisava, com a esperança de que em alguns dias receberia de volta. Após várias idas ao brechó no deserto, várias idas à lavanderia (eu lavava roupas umas 2x na semana, pois tinha poucas roupas), e quase 30 dias recebo o e-mail da companhia aérea:
sinto muito informar Srta. Isabela, sua bagagem não foi encontrada e seu caso é um extravio de bagagem definitivo.
Essa notícia por mais que dolorida, foi um alívio de certa forma. Passei quase 1 mês querendo uma resposta que eu não tinha. Para dar uma pitada de aventura, semanas seguintes senti tremores de terra (como se fosse terremoto, mas não tão perigosos - normais no deserto). Mas a vida é essa. Caos, terremoto, falta, coisas imprevisíveis, mas de alguma forma tentar desfrutar. Desfrutar do pouco, do simples. Lá no deserto, não passei frio, nem calor. Vivi com pouco. Recebi acolhimento de outros viajantes e vejo que foi uma oportunidade de aproveitar o que eu consigo mesmo em meio ao caos e desconforto.
Voltei para o Brasil somente com minha mochila de ataque. Aproveitei o deserto do jeito que era para ser. E o desfecho? Fui pessoalmente no Aeroporto de Santiago no departamento de bagagens extraviadas e a minha realmente não estava lá. Entrei com processo contra a cia aérea e consegui uma graninha (que não paga a dor de cabeça e a tristeza de perder roupas com significados emocionais). Mas te faz refletir o que você realmente valoriza na vida.
Coisas se perdem. Movimentos vividos, não.
Movimentar mesmo com o caos, com a incerteza, com a insegurança. Movimentar com o que tenho hoje, do jeito que dá. Me conta, como esse texto chegou aí?
mel
🎒 meu casal favorito de mochileiros
e estão indo de Portugal até a China sem usar avião, fazendo a Rota de Seda - você pode assistir aqui.🤓 se você é profissional de saúde e quer participar de grupos mensais de estudo sobre saúde digital numa perspectiva mais acadêmica, idealizado pela minha amiga Eva - Enfermeira Viajante, só enviar um oi no direct dela!
🗣️ isa fono falando: se conhecer crianças com 3 anos, conheça aqui os sons esperados para essa idade!
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Extravio de bagagem: um medo constante do viajante. A mochila feita sob-medida, pensada em nós, com itens que gostamos e... aprender a deixar pra trás. Que dor no coração.
Ao mesmo tempo, quantas roupas você não comprou / ganhou / experimentou, que não teria nem olhado se não fosse o extravio? A vida é mucho loca, e que lindo ver essas nossas fases, como você falou das tuas 💛
PS: Ler a news e ver nominho ali até me fez dar um gritinho hahahaah
Pessoalmente estou passando por várias mudanças de vida (inclusive de trabalho!) então foi bem motivador ler esse post. Sempre quis fazer uma viagem sozinha e um mochilao, nunca tive coragem haha quem sabe num futuro próximo!